sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Quando a Arte Conta a História - Monumentos sem Patrono



Quando a Arte Conta a História, tem como objetivo mostrar um dos trabalhos relevantes que fiz anteriormente.

Monumentos sem patrono

Com inestimável valor  histórico, os monumentos instalados em espaços públicos sofrem com a depredação e o abandono.
Desde os anos 90 o programa  Adote uma Obra Artística busca parcerias na iniciativa privada para preservar as criações.

 Na conclusão deste trabalho, decidi  mostrar como nossos Monumentos estão abandonados, e até quando ?

Acredito ser válido as duas situações propostas, mostrar a História de alguns deles, e  concomitantemente, o  abandono .

A história da fundação da Cidade de São Paulo pode ser contada a partir das mais diversas abordagens.

Para tanto, foram escolhidas esculturas representativas de personagens e/ou situações, com as respectivas indicações de localizações, que contextualizassem a narrativa de fundação de São Paulo.


Em 1554, ocorre a fundação do Colégio dos Jesuítas, ao redor do qual iniciou-se o agrupamento de casas que deu origem ao povoado de São Paulo de Piratininga.

Alguns monumentos vão representar, justamente, os primeiros moradores daquele povoado.

É o caso da escultura :

1- Índio com o Tamanduá, instalada a Praça Marechal Deodoro, obra de Ricardo Cipicchia, que retrata aquele habitante dos Campos de Piratininga, entre os rios Anhangabaú e Tamanduateí - referência ao tamanduá, animal muito comum na região.



                                            

2- A escultura  Índio Pescador, obra de Francisco Leopoldo e Silva, instalada na Praça Oswaldo  Cruz, é outro exemplo.








3- Índio Caçador, escultura a de João Batista Ferri, abrigada na Avenida Vieira  de Carvalho, reverencia aquele habitante, mostrando-o à espreita de sua presa.






4- O monumento Glória Imortal aos Fundadores de São Paulo, criado por Amadeu Zani e instalado no Pátio do Colégio, homenageia os fundadores de São Paulo, retratando aspectos dos primeiros tempos da Vila :  a primeira missa, a catequese, a defesa da Vila pelo cacique Tibiriçá e a Guerra dos Tamoios.







5- Há,  ainda,  o Monumento ao Padre José Anchieta, criado por Heitor Usai, localizado na Praça da Sé, que retrata um dos principais fundadores da cidade, também conhecido como o "Apóstolo do Brasil".






6- O Largo São  Bento, onde se encontra a Igreja de São Bento, guarda uma relação histórica diretamente vinculada aos  primórdios de São   Paulo. Naqueles tempos, ali estava vinculada a taba do cacique Tibiriçá, local que demarcava o limite do povoado que começava a se formar. O cacique Tibiriçá, chefe da nação Guaianaz, prestou inúmeros e relevantes serviços à colonização paulista.






7- Posterior à colonização, o desbravamento de sertões distantes - conhecidos por "bandeiras" - montou seu quartel general na cidade de São Paulo, de onde partiam essas expedições. A obra  Monumento às Bandeiras, do escultor Victor Brecheret, localizada na Praça Armando Salles de Oliveira, no Ibirapuera,  destaca a grandiosidade do momento.






8- Um dos bandeirantes, cuja rota de expedição destaca-se em um mapa naquela escultura, aparece representado no Monumento a Raposo Tavares, obra de Luigi Brizzolara, instalado no saguão do Museu do Ipiranga.








9- Outro bandeirante, também representado no monumento encontrado no Ibirapuera, foi homenageado no Monumento a Fernão Dias, de Luigi Brizzolara, fazendo referência ao "Caçador de Esmeraldas".
A obra está localizada na área interna do Colégio Estadual  Fernão Dias Paes,  em Pinheiros.







10- O Monumento a Borba Gato,  obra que ressalta à vista por seu tamanho, foi criada pelo escultor Júlio Guerras.  Instalada em Santo Amaro, homenageia mais um dos bandeirantes que se notabilizou na história de São Paulo, cuja rota de expedição também é destacada no Monumento às Bandeiras.







11 - Bartolomeu Bueno da Silva foi mais um dos bandeirantes que ajudou a contar a história desta Cidade. O Monumento ao Anhanguera, esculpido em mármore na cidade italiana de Gênova, pelo artista Luigi Brizzolara, e localizado na Avenida Paulista, em frente ao Parque Trianon, traz-nos um pouco das narrativas daqueles desbravadores.






Os tropeiros, também desbravadores, surgidos entre os séculos 17 e 19, viajavam no lombo de burros e mulas,  suprindo as necessidade de alimentos dos exploradores de minas entre as regiões Sul e Sudeste do País, colaborando com o desenvolvimento das cidades.

12 - O Obelisco da Ladeira da Memória, obra de Daniel Pedro Muller, primeiro instalado em São Paulo, marcava o ponto de chegada dos tropeiros que vinham do Sul e está localizado ao lado da Estação Anhangabaú do Metrô.








13 - O período da escravatura é lembrado no monumento A Mãe Preta, de Júlio Guerra, instalado no Largo do Paissandú, ao lado da Igrejo Nossa Senhorea do Rosário. É uma homenagem a todas as escravas que desempenharam o papel de amas-de-leite.





14 - Os trabalhadores das antigas plantações de café são homenageados na obra O Colhedor de Café, de Lecy Beltran. O monumento, instalado na Avenida Nove de Julho, em frente ao Colégio Sacré Coeur, encerra este roteiro, ficando  o convite para que os visitante da Exposição  embrenhem-se em outras possibilidades de recontar a história da cidade de São Paulo.






Monumentos abandonados - até quando ?

publicado na Veja São Paulo

                                                     
                                          O Índio Pescador 
Autor : Francisco Leopoldo e Silva
Local : Praça Oswaldo Cruz, no Paraíso

Fotos de Manoel Brito (  exposição aniversário de  São Paulo realizada na Associação dos Funcionários Públicos de São Paulo - AFPESP ).
Curiosidade : premiada, a escultura instalada próximo a Avenida Paulista, está bem degradada.


Alfredo Maia
Autor : Amadeo Zani
Local : Praça Júlio Prestes
Curiosidade : relembra um dos responsáveis pelo desenvolvimento ferroviário no país.



Amizade Sírio-Libanesa
Autor : Ettore Ximenez
Local : Praça Ragueb Chohfi
Curiosidade : localizada na região da 25 de Março, tem partes quebradas, entre elas o braço de um persomagem



O Ferroviário
Autor : Ricardo Cipicchia
Local : Praça Renê Barreto
Curiosidade : homenagem ao operário das ferrovias, está cercada por grades e escondida entre árvores.

Adote uma obra  artística

Esse fenômeno não é exclusividade dos tempos atuais. Desde 1994, a Prefeitura de São Paulo, graças ao decreto nr. 34.511, criou o Adote uma obra artística, um programa que busca parcerias da iniciativa privada para conservação de obras e monumentos artísticos em espaços públicos. Em contrapartida, a empresa expõe a sua marca no espaço, valorizando a área e inibindo Excluir palavra repetida
Segundo a seção  Técnica de Levantamentos e Pesquisa do Departamento do Patrimônio Histórico - SMC - PMSP, mais 22 obras encontram-se em situações prioritárias, como é o caso do lago do Arouche. Somente nesta localidade, sete monumentos de autores diversos precisam urgentemente de apoio (Afonso  D'Escragnolle Taunay, Aureliano Leite, Augusto de Prima Porta, José Pedro Leite Cordeiro, Luiz Gama, Progresso, Vicente de Carvalho).
Outros marcos artísticos de São Paulo, como o Monumento ao Duque de Caxias de Victor Brecheret, Monumento à Independência e Amizade sírio-libanesa, de Ettore Ximenes, O ferroviário, de Ricardo Cipicchia e Giusepe Verdei, de Amadeo Zani, entre outros, também estão na lista, aguardando incentivo.
A relação completa e instruções de como participar do programa Adote uma obra artística estão disponibilizadas na página da internet da Prefeitura de São Paulo, na Seção  da Secretaria Municipal de Cultura, Departamento do Patrimônio Histórico.