segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Igrejas do centro velho de São Paulo - Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos

Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos


A antiga Igreja do Rosário, onde hoje está o Edifício Altino Arantes

Esta  igreja parecia que ficaria para sempre naquele lugar, mas não foi bem isto que aconteceu. Com o argumento de ampliação e modernização da cidade, o prefeito Antônio Prado decidiu desapropriar a área da igreja e seus vizinhos em 1903.
A área do então Largo do Rosário (atual Praça Antônio Prado) foi completamente remodelada e os negros afastados mais uma vez para um local distante. Curiosamente o terreno da antiga igreja, agora demolida, passou para a posse de Martinico Prado, nada mais nada menos do que o irmão de Antônio Prado.


Com a pequena indenização recebida a irmandade decide erguer a igreja no Largo do Paissandú, o que não ocorreria sem protestos dos moradores do entorno do local, que alegavam que o templo “acabaria com a beleza da praça”.Adicionar legenda








Mesmo assim, a igreja foi erguida e inaugurada finalmente em 22 de abril de 1908. E está ali até hoje.



Irmandade dos Homens Pretos em São Paulo

A Irmandade sofreu as agruras de ver sua primeira igreja, na Praça Antônio Prado,  construída em 1725  com a arrecadação de doações e esforço dos malungos (irmãos), ser demolida para dar lugar a projetos de urbanização  da Província.
Os negros conseguiram manter relativo patrimônio ao redor dessa igreja, casas simples serviram para atividades religiosas, acolhimento dos alforriados  e a administração da Irmandade, composta de diretoria e mesários.
Irmandade do Rosário em Minas Gerais As irmandades religiosas nas minas setecentistas eram particularmente diferentes em sua organização, já que a igreja não era autorizada a ter ordens em Minas Gerais. A organização das ordens terceiras erma exclusivamente feitas por leigos, nesse caso os negros libertos e escravos.
Hoje, esse estilo colonial permanece nas dependências da igreja que, por ser capela,  está sob a jurisdição da paróquia de Santa  Ifigênia.  No subsolo fica a mesa administrativa, onde os irmãos se encontram para a celebração da missa  de domingo, para confraternização e para a distribuição mensal de cerca de 150 cestas básicas. Eles vivem esses momentos agradáveis e de decisões em meio a recordações, mantidas num acervo  de pinturas, ilustrações, fotografias, imagens e documentos que trazem à lembrança os primeiros irmãos. "Eu me emociono e sinto um grande amor por tudo isso aqui", revela Cleofano de Barros, há 50 anos na Irmandade.
A eleição da diretoria é anual para os cargos de juiz provedor, secretário, tesoureiro e procurador, que exercem atividades administrativas e pastorais na comunidade, incentivando a formação da juventude, de equipes de música e de  liturgia.  Nessa ocasião, também são eleitos os festeiros, o rei e a rainha, que juntos com o juiz e a juíza organizam, durante o ano, com o apoio das irmãs e dos irmãos, as festas de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito.  "A Irmandade conseguiu agregar um número considerável de afro-brasileiros. Somos cerca de 220 membros", diz o juiz provedor Marcelo Antonio Saraiva, 32 anos.
Os irmãos recebem pesquisadores, religiosos e pessoas de outros Estados e até do exterior, interessados em conhecer e estudar as razões de tanta longevidade e que ficam deslumbrados com o interior da igreja, que apresenta uma variedade de detalhes na pinturas das paredes, nas vestimentas e adornos dos santos, nas luzes do altar-mor que refletem entre lustres, candelabros e flores. "Só a devoção a Nossa Senhora foi capaz de manter-nos unidos, com a Irmandade aproximando-se dos 300 anos, e trazendo com a religiosidade, a conscientização capaz de forjar o surgimento de outros movimentos negros", esclarece a advogada e ex-deputada estadual, Theodosina Rosário Ribeiro, que já foi juíza, é mesária, e ainda faz parte da equipe litúrgica.



Mãe Preta
Largo Paissandu
Bairro: República
Região: Centro
Artista: Júlio Guerra 




Sobre o monumento
Mãe Preta – O símbolo exalta a figura da babá negra, que criou os filhos dos senhores de engenho, nos tempos coloniais. O monumento de Júlio Guerra, inaugurado no aniversário de São Paulo em 1955, é uma homenagem à raça negra radicada no Brasil.

Ficha Técnica
Peça – Bronze (2,20m x 2,60m x 1,60m), Pedestal – Granito (1,44m x 2,97m x 1,80m)