terça-feira, 25 de setembro de 2012

Tarsila do Amaral

Exposição : Tarsila do Amaral  - viajante

Pinacoteca do Estado de São Paulo  - ( março/2008)



Retrato de Tarsila, déc. 1920
 

Tarsila do Amaral nasceu em Capivari, interior de São Paulo, de abastada família paulista, viajou constantemente durante décadas de 1920 e no início dos anos 30.
Em 1913, depois de sua separação do primeiro marido, Tarsila passa a morar em São Paulo e nesta cidade busca diretrizes para sua vocação artística, dedicando-se ao piano, à composição de versos e à pintura. Mas acaba de decidindo pelas artes visuais : "Por timidez passei a fazer pintura", diz a artista em um de seus depoimentos.

Estuda escultura e modelagem por um breve período e, em 1917, opta por aulas de desenho e pintura com o artista acadêmico Pedro Alexandrino ( há uma  sala dedicada às obras deste artista no segundo andar da Pinacoteca). Dedica-se exclusivamente aos desenhos e, a conselho de seu professor, passa a carregar consigo cadernos de esboços, nos quais faz registros rápidos de familiares e de cenas cotidianas, como a que vimos anteriormente. O desenho torna-se um elemento fundamental na produção de Tarsila : como base para sua obra posterior e, mais tarde, como linguagem autônoma.

Em 1920, Tarsila embarca para a Europa e lá encontra a oportunidade de exercitar ainda mais seus desenhos. Explora também a pintura, criando composições mais livres e simplificadas, experimentando cores mais claras.

Ao regressar aoo Brasil, tras informações dos novos movimentos artísticos de Paris. Ao mesmo tempo, a partir de correspondência trocada no período com a família e amigos, a exemplo daquela com a também Anita Malfatti, está ciente da situação cultural de  São Paulo :

"Eu recebi em Paris, uma carta de Anita Malfatti contando tudo sobre a Semana de Arte Moderna. Não fiz parte da Semana. Cheguei alguns meses depois, em junho de 1922, porque estava com saudades de meus pais".

Chegando a São Paulo, Tarsila é apresentada por Anita Malfatti ao grupo de modernistas, surgindo daí uma grande amizade entre eles. Formam, a partir desse  encontro, o autodenominado Grupo dos Cinco : as pintoras Anita e Tarsila e os escritores Mário de Andrade, Menotti Del Picchia e Oswald de Andrade, este último futuro marido de Tarsila.

A partir dos anos 20, com o desenvolvimento da insdustrialização, as cidades são vistas como o símbolo da vertiginosa vida moderna. Desta forma, tornam-se tema central de inúmeras obras modernas, seja na Europa, com suas grandes metrópoles, seja no Brasil, com suas cidades ainda pequenas, porém igualmente inspiradoras para o desenvolvimento de uma estética moderna para muitos artistas, entre eles, Tarsila.

Mas também percebe-se que, mais que turista, Tarsila foi uma viajante, alguém que, além de registros, levou , de cada lugar que visitou, elementos para descobrir a si mesma na construção do Brasil moderno.

(Entrevista ao Diário da Noite, São Paulo, 26.03.31. - Tarcila : sua obra e seu tempo- 1a. edição).




Manteau rouge - 1923
 

Jazigo onde está Tarcila do Amaral - Cemitério da Consolação